No Pain

 

Sem Dor

E olha eu aqui mais uma vez neste final de Verão esperado com ansiedade. As chuvas aqui em SP a cada dia parece acabar um pouco mais com a cidade, tudo é úmido e insuportável e traz a melancolia de como se nada mais fosse voltar a ser como antes.

Enquanto lá fora o Apocalipse segue firme e forte com a inversão do campo eletromagnético, trazendo catástrofes e clareza, dentro não há como ser diferente. E eu tenho me perguntando se este Apocalipse pessoal tem acontecido com todo mundo ou só para os que ainda tem sangue correndo nas veias (como eu)?

Este ano eu já tive tanta clareza sobre aspectos da minha própria vida aqui, que estou a cada dia mais chocada com a verdade que explode na minha cara como fogos de artifício. Estas últimas semanas eu remexi nas minhas gavetas internas que estava evitando mexer por anos. Mas existe um momento que é preciso fazer isso, pra seguir a vida com tudo organizado.

Eu não imaginava que seria tão libertador ter acesso as informações que eu busquei. Assim como um jogo de tetris, vi as minhas emoções se encaixando perfeitamente e se movimentando pra que eu me sentisse curada de algo que evitei tanto me aprofundar. Neste momento vi minha cura acontecendo e me sinto completamente leve com relação ao meu passado: tudo foi exatamente como deveria ter sido.

O meu processo de auto conhecimento que já dura uma década, tem feito eu entender tantas coisas sobre minha vida aqui desde a minha infância e tem sido libertador. Uma das portas mais importantes que eu não tinha acesso, era a minha vida afetiva a partir de quem eu me doei tanto um dia. Esta doação intensa por anos, seguida de um afastamento brusco me deixou no fundo do poço e assim a vida passou com todo a sujeira que joguei pra baixo do tapete...

As últimas semanas eu entendi tanta coisa. Me senti tão aliviada e em paz que compartilhei tudo com o Patrick e foi mais libertador. Provando que o que temos é tão real que precisa ser preservado e cuidado como um diamante.

A questão é: tem acontecido TANTA coisa na minha vida pessoal e no meu ser, que não posso dizer jamais que a mudança é apenas planetária. A mudança é interna e as pessoas precisam ter coragem de fazer como eu: revirar as latas de lixo internas pra tentar entender porque no momento da raiva aquele sentimento foi parar lá? o que te fez agir como se nada tivesse valido a pena? que espécie de EGO é o seu? há alguma coisa a ser perdoada? há alguma conversa necessária pra melhorar tudo? as cartas foram colocadas na mesa?

No fundo, todo mundo age como eu agi: joga tudo num canto escuro de si mesmo e não quer pensar naquilo nunca mais. Mas, se assim como eu você quer se preparar pra uma ida limpa e sem muito peso nas costas, é melhor enfrentar tudo isso até descobrir que não dói mais.

Obrigada por ler.

♬ No Way - Korn

photos/ Patrick