Poor Things
Pobres Criaturas
Eu e meu amor aproveitamos a Semana do Cinema pra assistir ao indicado a 11 Oscars: Pobres Criaturas. Assim que vi o trailer com Emma Stone em cenas dignas de Oscar: já fiquei interessada. Um dos meu filmes favoritos com a Emma é o A Mentira.
Vou tentar fazer uma resenha mais filosófica pra não ter spoilers.
Quando saímos do cinema, eu a Patrick saímos como a mesma impressão sobre o filme e sobre assuntos que já conversamos tanto nestes últimos anos: em como a mulher é vista como uma "ameaça" nesta sociedade que foi formada por homens e para homens. Em muitos momentos do filme eu me vi e ao final do filme o Patrick comentou que se lembrou de mim (dos meus posicionamentos) diantes de histórias que já vivi.
O filme é como uma fábula em que lembra claramente o clássico Frankestein de Mary Shelley e a Noiva de Frankestein. A diferença aqui, é que essa fábula pra adultos aborda assuntos modernos, como liberdade sexual feminina e as "consequências" disso em uma sociedade em que mulheres precisam ser "controladas".
No decorrer do filme, você verá todos os tipos de controle que um homem impõe sobre uma mulher: desde o controle do pai (o criador) ao controle dos homens que ela vier a conhecer pela vida. A Bella (personagem) como retorna a vida com um cérebro infantil que precisa reaprender tudo, torna o filme interessante por abordar sistemas enraizados (como o machismo) por uma perspectiva de uma mulher 'não doutrinada' pelo sistema para servir ao homem pois o cérebro ainda é de um bebê: ela não é condicionada.
O condicionamento no filme é tratado com a palavra: polidez. Pois uma "sociedade polida" precisa de mulheres que saibam se comportar de forma dual: sendo polida e submissa ao homem diante dos outros e uma devassa ao ponto de aceitar todo tipo de uso e abuso entre quatro paredes com este mesmo homem. Em resumo uma "servidora": sem alma, sem estima, sem pensamentos próprios, sem vontades próprias, sem desejos próprios, vivendo apenas a mercê do homem que a tem como propriedade. Como ela mesmo diz: "eu não sou um território!".
A jornada da Bella pela busca do auto conhecimento não só feminino mas também humano, a torna tão dona de si como uma pessoa que se conhece bem deve ser: livre. Pois quando sabemos QUEM SOMOS, ninguém tem poder sobre a gente. O controle final acontece, quando o "antigo marido" tenta castrá-la literamente.
A castração que é mencionada no filme parece até uma piada de mal gosto, mas essa realidade é vivida por muitas mulheres diariamente ao redor do mundo nos dias atuais. É o nível mais abissal de controle que pode existir sobre uma mulher, pois é desumano. E só de pensar sobre esse assunto fico irritada.
Nessa jornada "do herói" que é a Bella, fica claro que as cores brilhantes só aparecem quando uma mulher se permite viver sua sexualidade, pensar por si mesma, sair de sua zona de conforto, confrontar ideias enraizadas, defender o que acredita e quando aprender a discernir o que a faz feliz: decidir por isso.
Espero que Emma leve o Oscar, pois ela se superou. Obrigada por ler.
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