The Sense
Eu tenho andado bem nostálgica. Deve ser
aquele balanço natural de todo ano quando estamos perto de ficar mais velhos,
sempre lembro de momentos da minha vida até aqui. Minha infância teve o papel
mais importante sobre tudo isso: jamais esqueço de onde eu vim e quem eu sou,
porque sou incapaz de me esconder das minhas memórias.
Como uma boa canceriana, eu tenho uma memória
de elefante organizada por gavetas com datas e anos. E na maioria das vezes o
clima me traz algum dia específico e eu curto ele como a máxima do 'relembrar é
viver'.
Enquanto fazia as fotografias em volta do lago
do Parque do Carmo, estava com a sensação da infância. Voltei ao tempo nas
primeiras vezes que estive neste mesmo lugar, olhando as casinhas dos macacos
que ficava no meio do lago. Lembrei também do balão que meu pai me deu, solto
no céu azul num dia como este...
Eu deveria ter uns 5 anos quando isso
aconteceu e me lembro perfeitamente do sentimento de não querer que aquela
liberdade acabasse. Estou a alguns dias de completar 40 anos e sinto a
mesma sensação da infância e aí está minha essência: liberdade.
E você? Descobriu qual é a sua essência de
verdade?
O fato é que eu tive uma infância feliz e
cheia de sensações incríveis que me fazia pensar sobre a existência por horas.
Tive pais que me deixaram livre pra ser quem eu sou e jamais usaram o
"cuidado" como uma forma de manipulação pra me controlar - eu fui
livre!
Eu tive irmãos e este foi o melhor presente
que meus pais me deram. Aprendi a dividir tudo: a comida, a sobremesa, os
brinquedos, os livros, os amigos, o conhecimento, as ideias. Sou muito grata
por isso.
A Vida foi muito generosa comigo por me dar a
percepção do que realmente importa e por causa disso jamais me distrai por
muito tempo com ilusões. Eu não sei o que me aguarda lá na frente, mas posso
afirmar que se eu morresse agora eu morreria feliz.
Fui capaz de enxergar a beleza da Vida, de
sentir a liberdade, tive coragem pra ser eu mesma, senti compaixão pelos meus
inimigos, amo e sou amada pelo o que eu sou - reconheci o 'Todo' dentro de mim
e por causa disso conheci a verdadeira paz.
O que sobra disso tudo são apenas acontecimentos
cotidianos pra preencher as lacunas do que seria uma vida humana com
"sentido"...
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